Vendendo o medo Digital, Facebook e permissões de Apps

Redação GeekZilla escreveu:Somos reféns do Facebook ? Nossa privacidade digital esta em risco ?

A resposta é possivelmente, não. Depois de uma exaustiva investigação dos top 100 apps do Facebook o “The Wall Street Journal” não encontrou nenhuma violação séria de privacidade.

Sensacionalizar os perigos da falta de privacidade online certamente aumenta os Page views e receita com anúncios de quem posta à notícia, mas também impede a inovação e prejudica o negocio de desenvolvedores de software que atuam de forma honesta.

A realidade ainda tem que fazer a mídia parar de gritar sobre a privacidade, e porque os escritores do WSJ tinham que entregar uma matéria com o título “Vendendo Você no Facebook” eles o fizeram apesar dos achados poucos conclusivos sobre o uso de informações pelos apps do Facebook.

Este tipo de artigo pode fazer com que os usuários em geral (os mais leigos) se preocupem sobre a pior situação possível que pode ocorrer em relação aos seus dados, eles não vêem o valor que a entrega/troca destes dados pode ter e o beneficio que eles recebem nesta relação.

Vendendo Você no Facebook

O artigo “Vendendo Você no Facebook”, publicado recentemente no WSJ ( Wall Street Journal) ,  até levanta o tópico importante de como os apps utilizam os dados pessoais que os usuários entregam a eles, mas exageram os riscos. Sim o modelo de negócios do Facebook e seus apps dependem das suas informações pessoais, mas os serviços que eles fornecem também.

Isto significa que cada usuário precisa decidir qual informação entregar para quem, e o Facebook gastou anos tornando os termos desta troca extremamente claro.

A chamada do artigo do WSJ dizia, “Muitos apps populares estão obtendo informações sensíveis sobre usuários – e amigos de usuários – então não fique surpreso se detalhes como a sua religião e até preferência sexuais comecem a aparecer em locais inesperados…” Mas não é até o décimo parágrafo que o artigo explica que os apps “Obtêm” estas informações através de um detalhado processo de permissões que são solicitadas ao usuário.

Os apps do Facebook têm o recurso de solicitar estes dados desde 2007, eles não estariam “aparecendo” em locais inesperados depois de todo este tempo? …..Até agora não vi nada.

Quando você instala um app, ele primeiro mostra uma descrição do que o app faz, quais os dados que ele precisa, como email ou fotos dos seus amigos e você pode selecionar quem pode ver a atividade gerada pelo app. Se o programa precisa de mais informações e a opção de publicar no seu mural então uma segunda tela é exibida listando todo tipo de dados que são solicitados.

É provavelmente um dos processos mais detalhados em termos de se conseguir acesso a informações de usuários que temos atualmente na internet.

Você não tem como ter apps que mostram os shows perto de onde você mora ou que deixam você enviar cartões de aniversário para seus amigos se o app não souber onde você mora ou quando é o aniversário dos seus amigos.

O WSJ e outros sites, inclusive brasileiros, muitas vezes criticam que os apps pedem por mais dados do que precisam. Isto seria na verdade contra a política de uso do Facebook e também prejudica os desenvolvedores já que uma pesquisa mostra que a cada permissão adicional que é solicitada a taxa de instalação cai em 3%.

Como você acha que o seu jornal/revista sabe onde entregar sua cópia diária ?

Os fatos são que negócios em geral (serviços, lojas, etc.) têm solicitado informações de seus consumidores por décadas. Como você acha que o seu jornal sabe onde entregar sua cópia diária, ou como a sua conta de TV a cabo chega à sua casa? Eles pedem pelo seu endereço.

O Facebook proíbe os apps de venderem este tipo de informação a terceiros – algo que a maioria das empresas “reais” faz sem o seu consentimento. É por isto que você recebe a famosa mala direta ou promoções de cartões de bancos que você nunca utilizou.

Ao fazer barulho em relação à privacidade os grandes canais da mídia mundial estão na verdade segurando o futuro e as vantagens em termos de serviços personalizados que poderíamos ter.

Sim a mudança pode ser assustadora, mas também pode ser boa.  Todo o processo de preencher informações em lojas e afins poderia ser automatizado, mas parece que a mídia não quer isto pelo contrário, eles querem que você desative todos os seus apps do Facebook e praticamente apague sua conta. Assim você nunca mais se preocuparia em receber um serviço realmente útil.

Endereço e telefone por favor……..

Aqui esta um exemplo do que nós estamos perdendo devido ao medo da mudança. No ano passado o Facebook queria permitir que os aplicativos pedissem pelo o seu telefone e endereço. Com as devidas permissões apps poderiam avisar por sms quando um amigo estivesse por perto de você ou preencher informações de envio de forma automática em processos de compra online.

Mas ao invés disto a mídia fez uma tempestade em volta da iniciativa do Facebook, e achou teríamos spam via sms e invasões domiciliares. Políticos também começaram a criticar o sistema e o Facebook acabou recuando.

Agora não podemos mais escolher fornecer aos apps do Facebook informações que empresas “off-line”, no mundo “real” nos pedem o tempo todo e sem qualquer controle. Então ao invés de fazer conexões entre pessoas e serviços que iriam ajudar a economia em geral, temos uma estagnação desta área devido ao medo.

É hora de começarmos a pensar de forma mais crítica sobre o que nos deixa realmente inconfortáveis. Se existem perigos de verdade gerados por sistemas online, então vamos desligá-los. Mas às vezes só porque algo nos assusta por ser novo, não devemos correr e sim avaliar os riscos versus benefícios e colocar as tochas e machados no chão, afinal a moda da inquisição já passou faz algum tempo. Quem acompanha o GeekZilla sabe que somos defensores ferrenhos da privacidade mas é preciso saber o limite e certos confortos só são possíveis se você mudar um pouco sua forma de pensar.