Pesquisadores da Universidade da Califórnia de Irvine e da University of Western Australia publicaram um artigo na ChemBioChem em que descrevem um método para reverter um ovo cozido e fazer a clara voltar a ficar líquida e transparente. Parece algo inútil, mas suas aplicações podem diminuir drasticamente remédios para o tratamento do cancro, por exemplo.
"Sim, inventamos um método para 'descozinhar' um ovo", diz Gregory Weiss, titular de Química, Biologia Molecular e Bioquímica na Universidade da Califórnia. "Em nosso artigo, descrevemos um dispositivo para desenrolar proteínas emaranhadas e que permita que elas se enovelem novamente".
Como muitos pesquisadores, Weiss tinha dificuldade em produzir ou reciclar proteínas que tinham uma grande gama de aplicações, mas que frequentemente se emaranhavam em formas incorretas, tornando-se inúteis. Os métodos antigos eram caros e demorados: equivaliam a uma diálise em um nível molecular e necessitavam de quatro dias. "O novo processo leva minutos", diz Weiss. "Ele acelera as coisas em um fator de milhares".
Greg Weiss e Stephan Kudlacek integraram a equipe que conseguiu "descozinhar" um ovo
Desenrolando as moléculas
Para recriar a proteína transparente conhecida como lisozima depois que um ovo é cozido, foi adicionada ureia – sim, um dos principais componentes da urina – para liquefazer o material sólido. No entanto, isso é só metade do caminho. Depois, para desnaturar as proteínas em nível molecular, os pesquisadores usaram uma máquina que gira um tubo de ensaio em seu eixo a 5 mil rotações por minuto, formando uma fina camada de proteína em seu tempo.
"Esse método pode transformar a indústria e a pesquisa de proteínas", acreditam os cientistas. Por exemplo, as companhias farmacêuticas podem criar anticorpos contra o cancro a partir de células do ovário de hamster, um processo caro. Só que nem todas as proteínas se formam corretamente, e é aí que a pesquisa vem a calhar: ela vai "resetar" o processo permitindo novos desdobramentos. Com isso, os medicamentos podem sofrer drásticas reduções de custo e, por consequência, de preço.
Agora é rezar para que tudo isso vire realidade.
Esse é o Vortex Fluid Device, máquina usada para "desenrolar" a proteína
Fonte: TecMundo